sexta-feira, 23 de novembro de 2007

A troca.

Era noite.
Sob aquele céu azul-tímido, que teimava em se esconder atrás da obscuridade os seus astros covardes e cheios de incertezas, que mal sabia o valor de suas víceras ocultadas pela insegurança de expor todo o seu brilho, estava aquela Luneta, que o admirava da superfície das certezas terrestres. Ela se indignava com a cena superficial vista de longe. E mesmo que forjasse o máximo zoom possível de sua lente, ainda sentiria um distanciamento do recôndito céu.
Ela adorava poder vê-lo, mesmo que pálido e trancado com chaves de solidão. Tudo que a Luneta mais queria, era construir um arranha-céu de ternura, para conquistar a proximidade, encurtar a distância e acertar a chave da porta de ferro do adorado céu. Mas era impossível.
De súbito, pôs-se a chorar enraivecida.
O céu, ah, o céu continuava sem manifesto. Trancafiado.
Fadigada da vã insistência e, pela primeira vez, Luneta sentiu desânimo de observá-lo. Então, fechou-se contra a escuridão de seu interior.
Era dia.
Uma luz amarela audaciosa atravessou sua face acordando-a.
Inocente, deixou-se por enganar pela aurora simpática de todos os dias. E, como todas as outras púberes e ingênuas lunetas, apaixonou-se pelo banal astro-rei. Um popstar, sempre vaidoso e iluminado. Ele não fazia questão de esconder o seu orgulho ao ver o imenso fã-clube dependente de sua luz. Dentre as adoradoras alienadas pelo aparente e conquistador brilho, estava a Luneta, que um dia trocou a noite de um céu duvidoso, por um incerto sol.
Os olhos do dia se fecharam.
Era noite.
Inesperadamente, entra em palco daquele ex-tímido céu azul, uma estrela encantadora, de beleza infinda, e pompa cintilante. Na tentativa de chamar a preciosa atenção da Luneta. Porém, de nada adiantara. Pois a presença tardia do céu, já não fazia mais sentido para ela. Nem mesmo os relâmpagos, trovões e a tempestade que se seguiam não despertava interesse algum na então desiludida luneta.
Ainda noite e o Céu chora (numa sensível transparência como aquela lágrima-de-chuva que caía).

4 comentários:

Anônimo disse...

Ah! Pequena e suas cantigas misteriosas.
Alegrias, alegorias e pesares..
Bem sabes, minha irmã-amiga, que outrora despediu-se o dia.
E como num carrossel estamos a girar.
Todo instante que vive, precisa morrer.. para outro começar.
Sábio é o rio, que segue o seu destino mas não se apega.
Não nega as belezas que encontra, contempla!, sem, no entanto, interromper a sua caminhada em direção ao Mar.
Dói partir.. Dói ficar.. Dói esquecer.. Dói esperar..
Os astros giram e toda beleza é passageira, provisória, ilusória.
O que dói na verdade é ignorar a luz que vive na rosa.
A desilusão é bela. Deixar a ilusão. Seguir..

Luneta que tem alma e se apaixona.
Que até se deixa enganar!!!
Que curiosa história.
Queria também saber sobre a princesa que vivia a sonhar que era uma pessoa qualquer.. e esqueceu toda sua riqueza, sua glória, seu poder, seu verdadeiro lar.
Queria ouvir dizer, quem sabe um dia, que após muito esforço ela acordou e voltou à luz para reinar.

Anônimo disse...

parabeeeeeeeeens!!!
ta mtu xikiiii!!!
bjuh!!!



=*****

Cintia Casati disse...

tenho certeza de que vc leva jeito!! nhããã...
um joranalista pode falar de meio ambente!!! nhã?
faz vestibular na ufes!?!
nhã
bjo
=**

Gusthavo disse...

Aha!

Não é que a Luneta se curve diante do céu. Os Astros é que dependem dela!

Genial...

Cada dia melhor, Karine!

Beijos!