segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Sem tempo para crises e melancolia, deixo a chuva lavar e levar consigo toda a vida que passa, e que passa distraída - sem que eu perceba a significância de cada fragmento. Sei que quando a enchente se formar, estarei na poça acumulada de cada dia passado displicentemente, de cada noite vã, tão calma e silenciosa e seca! Precisava de ar e não tinha sequer uma fresta. Meus ouvidos já não me ouviam. O desejo de pensar era assoprado com as folhas daquele inverno (mera paisagem emoldurada na poeira). Hoje, os gritos desafinados evacuam-se e o orgulho me pisa a cabeça. Esmagada por minha própria agonia, acendo uma vela e me crepito em preces desesperadas. Aonde estará o ápice desse martírio? Pergunto-me, afim de esclarecer-me e, enfim, esclareço-me: é que o dia hoje amanheceu descortinado. Num azul ''tão bonito que dá gosto"(é primavera). Porque hoje ganhei flores de cacau, notas em clave de sol (que parecem querer hospedar-se no verão, e na nova era de estações, cores, humores e amores. Esse sol que é lindo e que, intenso, quer deitar em mim...).