terça-feira, 20 de maio de 2008

Nada mais que isso.

Uma grama pra deitar
Um aconchego pra acalmar
Um ar fresco pra respirar
Tudo que quero
Num dia quente de domingo

Menos aflição
Mais libertação
Menos agonia
Mais calmaria

Menos chama
De um fogaréu extasiado
Cansado

Mais vida fresca
Ordenada
Menos confusa
Menos astuta
Menos traiçoeira

Quero deitar na fantasia
Sair um pouco da realidade
E viver poesia...

[num papel rosa com perfume, dentro de um envelope branco]

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Segunda-feira

Segunda-feira
O sol nasce
Seus olhos se abrem
Nasces tu
Nasce novidade
Nova és tu
De mente sã
Levanta automaticamente
Cambaleante
Como se o mundo
Fora do inconsciente
Fosse incomum

Na vertigem,
Anda até a clareira
Onde alivia
A insônia do outro mundo
O mundo dos sonhos
Do qual não quer acordar.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Quando anularam minha alma

O diálogo foi rápido e capaz de uma só vez me tirar a pouca convicção que tinha quanto a minha existência e ao meu preço vil.
Foi como se sugassem toda a minha vitalidade que se manifesta nas cores e brilho da minha face, fazendo-me ficar anêmica de alma. Levando comigo, no corredor que seguia, a sensatez de inexistência e a fome de voltar a ser não só carne e osso.
Esta fome, ao mesmo tempo em que queria ser preenchida, queria também se afundar e se esmagar para não ser percebida.
A parte displicente e aparente de mim derramava o líquido rejeitado(extamente como me sentia, desprezada) : escretas reduzidas ao gosto suave e salgado, doce e amargo. Expeliam-se e depois se escorriam sobre minha casca até chegar à mesa onde, apoiados os braços, me debruçava. E via, por entre a visão embaçada, as poças reprimidas que se formavam em meio a madeira manchada de números e rabiscos. Abaixei a cabeça buscando me fechar contra todos. No rosto, os rastros secos de lágrimas aborrecidas. Nos olhos fugazes, a busca por respostas tranqüilizantes (e tudo que obtive naquele momento foi a confirmação de uma verdade que eu tentava não pensar). Me senti extraída do meu próprio meio e após soluços, falsas compaixões e hipócritas abraços, absorvi, novamente, o sopro.
[é que nesse mundo somos obrigados a ser feliz.]

O Quarto

Lugar de descanso
De descaso
Fraqueza, cansaço
Por vezes se mostrar mórbido
Banal
Tranqüilo mas não frio

O Quarto é terno
Tenro acolhedor
Acolhe suas dores
Que por algures se perde
Ao entrar no espelho brando
De sua alma - O Quarto

É a personificação do seu eu
O fenótipo das emoções mais profundas
A manifestação em cores formas
Dos devaneios guardados
Dos sonhos nunca seqüestrados

O Quarto é a sua única
E verdadeira liberdade.