quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Conversa de sado-masoquistas

-... Pois é, Juma, hoje eu disse para o Vassalo que o amava.
- Como assim, Susserana? Ontem mesmo você me disse que pensava em terminar o namoro, pois não conseguia gostar dele.
- Então... Pensei bem e percebi que esse amor de subserviência do Vá me trará vantagens. Um mal necessário, sabe?
- Nossa! ...mas você acha certo, Su, sustentar um amor por mentira?
- Ah... Não dói em mim mesmo.
-...
- Mas.. E você, Juma, já se esqueceu do Donatário?
- Não...
- E acha certa continuar sustentando um amor pela fantasia?
- Também não.
- Então porque não diz logo que ama o garoto, menina?
- Eu não posso supor o que eu nem sei o que é.
- Você não sabe se o ama?
- Sei sim. Eu amo o Don. Mas não sei o que é esse tal de amor.
- Ah... Sim. Entendi. E... Então, você vai continuar nessa de fantasia até quando?
- Não sei. Não tenho pressa em me abrir. O que eu sei é que você não tem idéia do quanto sofro com isso.
- Poxa.. Já que não consegue se abrir, então por que não o esquece?
- Ah. Porque eu gosto mesmo é de sofrer.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Quinta-feira

Como quem não quer nada
Arrisco-me no bem-me-quer/mal-me-quer
Ainda que cedo ou tarde.
Não há problemas, nós sempre nos atrasamos mesmo.
Afinal, o que são sete vidas, sete planos
Sete altares, sete minutos?

Tarde é deixar de perder
O ônibus no meio do medo,
No meio da fala desencorajada.

Onde está a sede que antes sentia?
Sede que me fazia beber até suar?
Largada no chafariz central?

Luz anêmica,
Vertigem,
E o estômago pede janta.
Já é noite, meu amigo.
Cadê as palavras? Voando?
Trate, então, de pegá-las.
Logo. Que daqui a pouco
A madrugada estará
Passando pela metamorfose lunar.
Pegue, logo.
Que já é outro dia.



(Sentiu o imperativo?)