sábado, 22 de novembro de 2008

Brotou
Rubro
Em teu cabelo,
cresceu mulher
em tua cabeça
amadureceu,
eu , você
e agora somos jovens e distantes.
Mas nunca sozinhas no caminho,
onde até as pedras são companheiras de viagem.


[Para a moça que embarcou no Atlântico rumo à metrópole - Portugal - e deixou saudades na colônia inteira de amigos.]

sábado, 8 de novembro de 2008

'Fingir, na hora, rir'

Você me espreita, eu sei.
Nas suas asas de gigante Homem
E finge que despreza a inerente,
Impregnada, ignorada
Alma no seu espaldar.

Passo o punho,
Dedilho devagar por sua exausta coluna
E você divaga os olhares
Afim de não compreender,
Ou parecer.

Finge que não me percebe.
Mas estou aqui.
Sobreposta em seu corpo hirto
Por sentimentos sem definição,
Quase apodrecidos.
Adubam-se, regam-se por natureza.
E se eternizam em chamas involáteis
e sorrisos perdidos.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Nem pior nem melhor
"nem isso nem aquilo"
É tristeza fingida de cansaço
Vou-me embora, agora.
Assolar no travesseiro
Essa dor que me afoga,
Por não ter quem a afague.
Essa dor da cor, do cheiro
Da flor-última que me destes
Nos tempos da indelicadeza
Matizados de vermelho-claro-e rosa,
- hoje quase desbotados -,
A não ser pelos temperos
(às vezes ásperos)
Que as conservam
Em cores vivas
(às vezes lacrimejante)
Suavemente amalgamados em perfumes
De odores passados, nostálgicos.
Dos passados vividos e não.
Dos futuros sonhados e realizáveis.
Do presente – a flor-última que me tiras
E que esmaga no terreno infértil, não adubado,
Que dirá regado de águas destiladas,
Sinceras,
Pura.